quarta-feira, 7 de abril de 2010

na praça de alimentação

Algumas pessoas esvaziam no lixo os restos de suas bandejas, no sem-gracismo típico daqueles que agem de acordo com sua consciência – sabendo rara tal atitude. São os bons coadjuvantes de uma praça que me serviu – tragicomicamente – pedaços de salmão ressecados, brandindo a icterícia peculiar das maçãs envelhecidas. Por mim, mereceria algo melhor, e aqui estão meus calcanhares que não me deixam mentir, cada qual com fendas talhadas por passos vesgos e enviesados, num esforço vão e trôpego de me protegerem do pé d’água.


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Há um método infalível contra a complexão de sorver um chopp sozinha, exposta aos olhares ruminantes do mais popular shopping de Niterói, o Plaza, ainda que em plena segunda-feira. É simples: basta abrir o notebook e ler e reler palavras dantes digitadas, ora digitando outras, ora invocando um ar de atenção e seriedade. Depois é só comungar com os espíritos boêmios que fielmente te acompanham.

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De repente meu paladar viu-se trespassado por um ácido calafrio: teria de enfrentar, após o aclive do chopp, longos cinco minutos de caminhada noturna até o apartamento. Nas ruas por vencer, vários ratos, tanto os de origem humana quanto os não conterrâneos da espécie. Quando chove, o centro se equipara a uma transbordante latrina; os desabamentos têm predileção pelas encostas, já que não há morros no entorno do decantado “Plaza”. Mas, nesse carteado, prefiro conceder à chuva os atributos de um coringa. Ela me permite evaporar pela janela do quarto – aqui reside nossa cumplicidade. Minha fé é a de que inexista quem cometa vítimas mundo a fora, quando se vê obrigado a equilibrar na raça um guarda-chuva combalido pelo vento.

Um comentário:

PsychoByron disse...

News From Atlantida!!!!!